segunda-feira, 13 de abril de 2009

Pelas pirâmides


Na Antiguidade, uma civilização se formou na região nordeste da África, essa sociedade que mais tarde seria conhecida como uma sociedade agrária e politeísta, desenvolveu mecanismos de análise da natureza muito sofisticados e precisos para os parâmetros da época.

Os egípcios se instalaram nas proximidades do rio Nilo e usufruíam de suas cheias para movimentar a agricultura e consequentemente a economia da sociedade. No campo das ciências, três áreas merecem destaque nessa civilização: a Astronomia, a Geometria e a Medicina.

A ciência egípcia, diferentemente de outras civilizações antigas, não se preocupava com as relações filosóficas e abstratas das ciências, mas sim com a sua aplicação prática no cotidiano. Porém, todo o método egípcio de investigação da natureza não se resumia a conceitos práticos, apenas. Esse povo permeou seus estudos e descobertas a partir de preceitos baseados em crenças divinas.

Por serem politeístas, cultuavam vários deuses e atribuíam-lhes características da própria natureza. Os egípcios tinham suas vidas dependentes do regime das águas do rio Nilo, portanto, suas crenças se resumiam à divinização da natureza como forma de garantia para terem prosperidade na agricultura. Para exemplificar vale destacar alguns de seus deuses: o deus Set correspondente ao deus do vento quente do deserto; Osíris, deus do sol poente, do Nilo e das sementes; Ìsis, deusa da vegetação e Hórus, deus do sol levante. A partir da observação cotidiana da natureza, desenvolveram a noção da imortalidade, baseados no nascimento e no ressurgimento das sementes.

Atribuindo todos esses preceitos divinos aos seus estudos de observação natural, usaram a ciência como praticidade para as suas vidas. A manipulação de elementos químicos pelos egípcios deu origem à manipulação de substâncias simples, que seriam conhecidas como remédios, surgiu aí a química. Na Astronomia, visualizavam o céu e o movimento dos astros com o intuito de preverem as secas e as cheias do Nilo, com isso criaram um calendário semelhante ao nosso ocidental; nesse calendário o ano possuía 365 dias e era dividido em estações agrárias (cheia, inverno e verão), o mês era dividido em três semanas, as semanas possuíam dez dias e havia ainda, cinco dias festivos durante o ano. Na Geometria e na Matemática, os egípcios conheciam a raiz quadrada, as frações numéricas e calcularam a área do círculo e do trapézio, com aplicação na construção civil, como as pirâmides.

Por último, uma outra área importante para a sociedade egípcia era a Medicina. Nessa área desenvolveram noções de anatomia e do funcionamento interno do corpo humano. Por muito tempo ao longo da história, o corpo do morto era preservado como algo sagrado, e eram proibidas as dissecações; esse pensamento atrapalhou muito o desenvolvimento da Medicina como ciência. Entretanto, os egípcios cultuavam o processo de mumificação dos mortos com a ideia que tinham de imortalidade do corpo e da alma, e para que isso se concluísse, era preciso que as vísceras do cadáver fossem removidas, a fim de preservar melhor os corpos. Desse ritual de mumificação, os egípcios conheceram a anatomia interna humana, seu funcionamento e a importância fundamental que o coração exercia como regulador vital do homem.

A civilização egípcia é vista até hoje como uma sociedade sofisticada e metódica, não apenas cientificamente, mas culturalmente e religiosamente. Infelizmente, os egípcios da Antiguidade pouco influenciaram para as civilizações ocidentais, e pouco dos seus estudos foram analisados, o que temos de informação do Egito provém dos desenhos e das escrituras encontradas em pergaminhos e em tabulas. O que nos ficou, como seu legado, foi um profundo respeito pela astúcia e praticidade desse povo, o restante que nos sobra é o sabor do mistério corroído pelo tempo e pela história.
Boa filosofia a todos!

Um comentário:

  1. Olá meu amor...

    Muito boa a relação que você estabeleceu, além dos tópicos medicina e geometria a relação do calendário semelhante ao nosso (parece boçal mas muitos não sabem). Além disso gostei da ideia de que a civilização egípcia é vista como metódica. Esse é outro pensamento muito debatido. O texto está bem explicado e ao mesmo tempo informativo, sem enrolações. Muito bom.

    beijos

    Estou contigo.

    Bruno Bocchini

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