segunda-feira, 20 de abril de 2009

De volta a Grécia


Na Grécia Antiga, os períodos foram divididos segundo os filósofos de maior importância. Os pré-socráticos são o primeiro grupo que é estudado da Antiguidade Grega e, como o próprio nome já diz, são os que antecedem Sócrates.
Todos os registros encontrados desses filósofos são documentais e nenhuma obra foi conservada, de modo que tudo o que se sabe é de forma indireta. A forma com que o pensamento pré-socrático nos chegou foi a partir de fragmentos ou trechos das obras originais, ou a partir dos doxógrafos, pessoas que falaram ou escreveram sobre a obra desses filósofos.

A principal característica dos pré-socráticos é que a mitologia não desaparece inteiramente de seus pensamentos, eles explicavam o mundo ao seu redor usando a razão, mas com elementos da mitologia da época. Foi desse período que surgiu o pensamento racional que conhecemos hoje.

O principal objetivo desses filósofos era explicar a natureza usando a razão e o mínimo possível de elementos pertencentes à mitologia. Nessa fase da filosofia, os pensadores se preocupavam muito com a origem e a peça fundamental que regia o Universo. Além das questões físicas do mundo, procuravam explicar e criar modelos em que toda aquela natureza se encaixasse e fizesse algum sentido racional para a mente humana.

Com essa ideia de procurar o processo pelo qual o Universo se desenvolvia, os pré-socráticos desenvolveram o conceito de constância fundamental da matéria, mais conhecida como Arché. A Arché era um princípio fundamental material, não espiritual de onde tudo é constituído e construído.

Foram desses conceitos principais que alguns nomes nos foram conhecidos. Tales de Mileto viveu de 640 a 560 anos antes de Cristo e poucas frases suas são conhecidas. Para ele havia, apenas, uma única essência vital para a vida. Sua Arché era a água, porém a água aqui tinha um significado quanto a sua fluidez e não ao arranjo das moléculas da água, isto é, a Arché de Tales era um princípio fluido existente em todas as coisas e não uma substância química.

Um de seus argumentos para que se acreditassem que a água era o princípio fundamental de todas as coisas era de que a Terra flutua sobre água, sendo plausível a sua importância para a formação de toda a natureza. Entretanto, Tales, acreditava que o fato dos objetos se repelirem e se atraírem, como no caso do imã e do âmbar, se dava por manifestação divina. Isso nos mostra, como foi explicitado anteriormente, que o pensamento pré-socrático não era puramente racional, por ora a mitologia aparecia como forma de explicar algum fenômeno natural.

Outro pensador grego da época era Anaximandro, que viveu de 610 a 540 anos antes de Cristo. Para ele a Arché era o Apeíron, que significava “o indefinido”, algo de que ninguém tinha conhecimento, um tipo de matéria-prima de onde todas as coisas proviam e depois retornavam a ela quando eram destruídas. Essa ideia de ida e retorno da matéria na natureza nos parece muito com a ideia de reciclagem que acontece na natureza, assim como no homem quando nasce e morre, deixando na Terra os elementos básicos de que foi, um dia, constituído.
O Apeíron assume certas características: é imortal, nunca envelhece e é algo indestrutível, que abarca tudo e a tudo governa e é de onde surgem todos os opostos conhecidos (luz e trevas, por exemplo).

Inicialmente, a partir do Apeíron, se separava o quente do frio. Com esse conceito, Anaximandro desenvolveu sua cosmovisão de que a Terra ocupava o centro do Universo por ter características físicas do úmido e do frio, além disso, a Terra era envolvida pelo ar e ao seu redor havia uma esfera de fogo que se rompia em forma de tubos, cujos orifícios eram o sol, a lua e as estrelas. Dessa maneira, Anaximandro, tenta explicar a posição que a Terra ocupava no espaço com fatos puramente observacionais, em que se nota a ausência da mitologia para tal explicação.

O terceiro pensador mais conhecido entre os pré-socráticos é o Empédocles, que viveu de 490 a 435 anos antes de Cristo. Na visão desse filósofo, o mundo era constituído de quatro elementos básicos: a terra, a água, o ar e o fogo, chamados de quatro “Archés” básicos. Esses quatro elementos possuíam, para cada um, uma característica mais marcante e correspondiam a um deus da mitologia grega. A terra representava o solo e, portanto era fria e tinha como representante o deus Aidoneus; a água era a liquidez das coisas e era representada pela deusa Nestis; o ar era a fluidez do mundo representada por Hera; e por fim, o fogo era a transformação de tudo e de todos representado pelo deus Zeus.

Na visão de Empédocles, os quatro elementos básicos do Universo apenas se uniam ou se separavam, nunca se criavam ou se destruíam. Para ele, se esses quatro elementos se unissem, haveria a destruição do Universo. A partir desse pensamento, pode-se notar a noção e a necessidade de um modelo que explicasse a natureza baseado no equilíbrio dos elementos e das forças.

Nesse panorama se desenvolveram as primeiras ideias de unidade fundamental da matéria de que temos mais conhecimento. Mesmo que os pensadores pré-socráticos tivessem seus contextos baseados na mitologia dos deuses, eles puderam pensar racionalmente em algo puro e único que formasse todas as coisas do Universo, e foi daí que surgiu o primeiro registro do modelo geocêntrico e geostático proposto por Anaximandro. Desses pensamentos é possível notar ideias que a nosso ver se parecem mais com as ideias atômicas atuais, de algo em que a matéria se resuma unicamente, nota-se, também, sistemas de observação da Terra no contexto do Universo, e da nossa primeira sensação ao olhar para o céu e deduzir que a Terra ocupa a posição central de todo o Universo.
Boa filosofia a todos!

Imagem retirada do site: http://kinemasofia.zip.net/

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