segunda-feira, 23 de março de 2009

O antes


Geograficamente o sol nasce no Oriente e se põe no Ocidente. Analogamente, pode-se dizer que a ciência ou a base daquilo que um dia seria uma ciência, nasceu primeiramente nas comunidades orientais do Mundo Antigo. Cientistas revelam que tanto os conceitos da Filosofia grega como o desenvolvimento de ciências como a Física na Grécia, tiveram forte influência desse mundo oriental, numa região da Mesopotâmia conhecida como “Crescente fértil”.
A influência dessa região se manifestou na Grécia a partir de viagens que os pensadores gregos faziam pelas áreas correspondentes, atualmente, ao Egito, à Palestina, ao Iraque e ao Irã. Os filósofos gregos devem muito aos conhecimentos científicos produzidos no oriente, entretanto, foi na religiosidade, na cultura e nos mitos dos orientais, que os pensadores gregos encontraram grande subsídio para suas ideias crescerem.

Essas comunidades da Mesopotâmia produziram muitos conhecimentos ligados à Matemática, à Geometria e à Astronomia, devido à necessidade de entender os fenômenos meteorológicos para o melhor desenvolvimento da agricultura.

Como exemplos, temos os Sumérios e os Babilônios que, além da escrita, inventaram um sistema numérico sexagesimal para a contagem do dia (24 horas, 60 minutos e 60 segundos), um calendário de 12 meses e um círculo dividido em 360 graus e, ainda, foram os primeiros a registrarem os primeiros acontecimentos astronômicos ligados ao aparecimento de cometas e eclipses. Os Assírios desenvolveram a ideia de latitude e longitude para a navegação e fortes conceitos sobre a ciência médica.

Nas margens do rio Nilo, desenvolveu-se a civilização egípcia, que era muito ligada à agricultura e ao seu cultivo. Seu legado científico foi a criação de métodos de medição do tempo baseado nos ciclos do Nilo, nas observações lunares e na criação de uma calendário de 12 meses e 30 dias. A geometria e a aritmética egípcia permitiram a construção precisa de templos e pirâmides. Tal precisão permitia aos egípcios a visualização da estrela Sirius nas aberturas laterais e superiores das pirâmides, onde era possível prever as cheias do rio Nilo.

Na China, o desenvolvimento da ciência foi mais profundo e alguns dos conceitos milenares dos chineses se mantém até os dias de hoje. As ideias de harmonia e equilíbrio se traduzem para o que é conhecido como Yin e Yang, que é a representação do positivo e do negativo, onde o positivo não pode se manter sem o negativo e vice e versa. Foi a partir dessa conceituação, que ideas como o equilíbrio de duas forças e o ponto de vista cíclico da vida surgiram.
Os chineses usaram uma forma do que é a teoria ondulatória atual, para explicar as mudanças naturais do mundo que ocorrem no Yin e no Yang e no próprio Universo. Além disso, foram os chineses que começaram o estudo da Ótica Geométrica, da propagação retilínea da luz e de experimentos com câmera escura e com as lentes, levando ao desenvolvimento do primeiro telescópio de que se tem conhecimento.

Dentre todo o conhecimento desenvolvido na Antiguidade pelas comunidades orientais, além de sua disseminação pelo mundo grego, é importante notar, que todos os pensamentos tinham sua base na agricultura e na vida social dessas comunidades. Esses povos criaram estratégias para manipular o tempo e os fenômenos naturais ao seu favor, e assim desenvolveram inúmeras técnicas e princípios. Outro dado importante foi a necessidade dos orientais de encontrar formas racionais e da própria natureza de justificar seus mitos e suas crenças, tal como o horror que tinham de cometas pela sua associação com deuses maléficos.

Todo esse panorama necessário à sobrevivência que regia o mundo oriental, inspirou inúmeros gregos em seus pensamentos sobre a vida, e foi dessa maneira que se formou todo o conhecimento e toda a sabedoria que temos atualmente, foi a partir de crenças e rituais milenares que as ciências se desenvolveram e continuam a glorificar um futuro, ainda, cheio de dúvidas.

Boa filosofia a todos!


Texto com base no livro “Convite à Filosofia” de Marilena Chauí e no livro “História do Mundo”
Imagem de Flamarion (século XIX).

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