domingo, 10 de maio de 2009

Platão em matéria

São três os nomes de que mais temos conhecimento, cotidianamente, sobre a filosofia antiga da Grécia: Sócrates, Platão e Aristóteles. Esses três pensadores constituem a nossa maior ideia e até, a nossa imaginação do que era a Grécia e de como era desenvolvido o pensamento filosófico da época, assim como as ciências naturais.

Não há obras, documentos e nem ao menos fragmentos socráticos, porém, Sócrates, o grande filósofo, foi descrito e moldado, de certa forma, por Platão em suas várias obras. Portanto, não é pouco dizer que foi o próprio Platão que deu vida ao Sócrates. Naquela época era comum pensadores fazerem referências a outros filósofos, a ideia maliciosa que temos de plagio, hoje em dia, não era tão praticada pelos intelectuais antigos.

Platão possuí uma vasta literatura muito renomada até a atualidade. Entre sua literatura se destacam livros como República, que trata de temas como a vida social e o compartilhamento social humano e Timeo, que fala sobre a cosmovisão platônica.

Dizia Platão que os pitagóricos eram impiedosos por não acreditarem em deuses, entretanto, as bases fundamentais da filosofia platônica provinham das ideias pitagóricas. Uma delas é de que toda a materialidade existente na Terra e no universo tinha como estrutura verdadeira a Matemática e a Geometria. Para esse filósofo, os quatro elementos principias da natureza, a terra, o ar, o fogo e a água, eram formados em sua essência primordial, por figuras geométricas.

Dessa maneira, cada elemento correspondia a quatro sólidos geométricos regulares (de lados iguais); ou seja, o fogo era representado pelo tetraedro, a terra pelo cubo, o ar pelo octaedro e a água pelo icosaedro.

Seu conceito consistia, entre outras coisas, na harmonização natural do mundo e do próprio Universo. Para ele, a harmonia e a simetria, seja ela de uma equação, de um rosto ou de um tronco de árvore, eram leis fundamentais que regiam a vida. Essa concepção de harmonia ainda é muito difundida entre nós; Newton quando elaborou suas leis sobre a mecânica, pensava e conceituava acerca da simetria da força, como é facilmente visto no par de forças que a Lei da Ação e Reação descreve, por exemplo. Em tudo procuramos o equilíbrio, o bem e o mal, o claro e o escuro, o frio e o quente, e essa concepção nos parece muito simples e demasiada correta. Foi dessa maneira, que Platão em sua teoria sobre as figuras geométricas, assim como vários outros cientistas, procuravam embasar toda a sua sabedoria e obra.

Sobre a geometria da matéria, ainda faltava uma pergunta: se apenas os quatro elementos fundamentais da natureza tinham representantes geométricos regulares, como as outras coisas que compunham todo o restante da natureza se formavam? Platão encontrou um argumento tão consistente para essa questão, que se a analisarmos rapidamente iríamos atribuir a esse argumento, um novo conceito de atomismo.

Para esse filósofo, a imagem geométrica de cada elemento podia se dividir em partes iguais, assim cada parte quebrada ou dividida, formaria uma nova figura geométrica e assim constituiria um novo elemento. Por exemplo, o fogo correspondente ao tetraedro, se dividiria e originaria dois triângulos de lados iguais, se esses dois triângulos se quebrassem novamente, iriam formar outra figura; dessa maneira, a quebra da figura sucessivamente, originaria diferentes tipos de fogo.

Uma análise mais aprofundada dessa teoria, nos mostra que para uma estrutura ser dividida em outra, esta precisa de espaços vazios para que o fenômeno ocorra, entretanto, Platão abominava a ideia do vazio entre a matéria, para ele o mundo era composto maciçamente de matéria.

Curiosamente, Platão, em sua descrição sobre a estrutura da matéria se contradiz, de certa forma, no que diz respeito a sua crítica feita aos pitagóricos. Os argumentos usados por ele, como o de harmonização do mundo e o da Matemática e da Geometria como sendo o princípio fundamental das coisas, muito se relacionam com as obras pitagóricas. Platão refuta outras ideias, porém nos revela um incrível e elaborado pensamento racional e, ao mesmo tempo, simbólico, do ponto de vista da vida humana.

O equilíbrio que ele tenta demonstrar por meio das figuras geométricas, pode ser interpretado por conceitos sociais, na desigualdade da população numa certa comunidade; religiosos, na busca de um deus formador de tudo, perfeito e inteligível como a matemática é para os homens e, científicos, na harmonização de todos os fenômenos encontrados e presenciados na natureza.

Platão nos mostra sua grandiosa mente e nos faz pensar sobre a grande balança que conduz a vida e o mundo.
Boa filosofia a todos!

Imagem retirada do site:
http://www.fflch.usp.br/df/opessoa/TCFC1-08.htm

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